domingo, 27 de setembro de 2015

cheiros e lembranças

Passara a tarde dormindo. Chovia, e o som da água caindo no quintal lhe deixava com preguiça. Ao abrir os olhos, não tinha certeza se queria acordar. Estava sonhando com ele...


O computador estava ligado, ao lado dela, mal se levantou para espiar se havia algum novo recado. Viu que ele passou por ali... correu para mandar um recado, ele respondeu prontamente. Pouco depois, ligou para ele.


"Só pra saber se está tudo bem", disse ela, assim que ele atendeu. Ele pareceu feliz e surpreso com a ligação. O que deveria ser uma conversa de alguns segundos, durou um bom tempo... ele a fazia feliz com as palavras. Ela se deitou no quarto escuro, fechou os olhos, apenas ouvia a voz dele. Deixou-se imaginar onde ele estava, o que vestia...


A chuva não parava, aumentava cada vez mais. Ela lembrou da primeira tarde que passaram juntos. Era quarta-feira, e chovia como nessa tarde. Ele falava, ela imaginava. Gostavam de conversar, trocavam confidências. Ela sabia mais da vida dele do que de qualquer outro amigo. Ele sabia detalhes da vida dela que nenhum outro amigo sabia...


Ele disse tudo o que ela queria ouvir... parecia saber que sua voz e suas palavras eram capazes de transformar aquela alma do outro lado da linha. Os dois viviam o mesmo dilema. Não queriam se afastar porque gostavam muito um do outro, mas também não podiam ficar juntos. Não agora.


As conversas deles, por mais rápidas que fossem, tinham o poder de mudar o astral do seu dia. Ela desligava o telefone radiante. Ele fazia tão bem a ela... elogios e declarações, entre promessas e segredos. Eles se entendiam, compreendiam-se plenamente. A sintonia, a sincronia, nada tirava da cabeça dela que havia algo mais forte, mais profundo entre eles.


A chuva continuou. A cidade estava alagada. Ele foi dormir na casa do tio, não havia como chegar em casa. Ela voltou para sua cama, abraçou os travesseiros. Queria voltar a dormir e sonhar com ele. Agarrou-se aos lençóis, lembrando-se dele. Aqueles lençóis ainda tinham o cheiro da última vez em que ele esteve ali.

4 comentários:

Nayana disse...

A sintonia, a sincronia.

Nem esse dilúvio carrega.

JU Ventura disse...

Ainda não peguei a manha de comentar sobre os textos do outros...

Completamente nostálgica!!

Anônimo disse...

Não há destino!

Anônimo disse...

Céus, quando alguém assim aparecerá na minha vida?
*chora convulsivamente*